Glossário

Glossário - Salinas de Aveiro

A

  • Abrir o mandamento : sustentar o mandamento com água proveniente dos algibés.
  • Achegar : alisar os montes de sal com o pajão e os ugalhos da lama, antes de se proceder à sua cobertura com bajunça ou tela plástica.
  • Água-mãe : solução saturada em relação aos sólidos que se formaram a partir dela. É a solução aquosa que se obtém após a filtração de uma mistura da qual se retirou os sólidos formados e que contém todos os iões que permaneceram dissolvidos.
  • Água salgada : uma água salgada típica apresenta entre 10 g e 40 g de sais dissolvidos por 1 kg de água. A água do mar tem uma quantidade elevada de sais, o que lhe confere o sabor tão característico.
  • Águas podres : água que provém do subsolo e é drenada para o entraval.
  • Algas : são vários grupos de seres vivos aquáticos que produzem, pela fotossíntese oxigénio e a energia necessária ao seu metabolismo. A maior parte das algas são seres unicelulares que vivem nas águas doces e salgadas ou em lugares húmidos. Formam a base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos.
  • Algibés : reservatórios de forma rectangular, com uma altura de água aproximada de 10 cm. Situam-se entre os viveiros e os caldeiros. Diz-se que uma marinha tem boas comedorias quando dispõe de dois ou três algibés por quinhão.
  • Almanjarra : rodos com cabos cruzados; podem ser de três paus ou dois paus. A de dois paus serve unicamente para limpar as lamas do fundo dos cristalizadores. A de três paus é utilizada para uniformizar os fundos do mandamento, e para empurrar as lamas da praia dos cristalizadores, implicando um trabalho conjunto, com a de dois paus. Almanjarrar a lama : colocar a lama no entraval.
  • Almanjarrar a lama : colocar a lama no entraval.
  • Altitude solar : ângulo formado pela linha do horizonte e a linha que une um observador na Terra, ao Sol. A altitude solar varia com a latitude uma vez que a superfície do planeta é curva.
  • Anafador : alfaia utilizada na reparação dos liames.
  • Anafar : reparar os liames; emprega-se o anafador, a enxada de correr liames, o balde ou uma pá.
  • Andaina : conjunto de meios de cada marinha – a de cima e a de baixo.
  • Andaina de baixo : conjunto dos meios de cima e de baixo da marinha velha.
  • Andaina de cima : conjunto dos meios de cima e de baixo da marinha nova.
  • Apajar : alisar e bater os montes de sal antes de se proceder à cobertura.
  • Apancar : apagar com o ugalho as pegadas do marnoto deixadas no parcel.
  • Ar húmido : ar que contém bastante vapor de água.
  • Ar seco : ar praticamente isento de vapor de água.
  • Ar saturado : ar que contém a máxima quantidade de vapor de água, possível, à temperatura a que se encontra.
  • Areia : sedimento solto, formado essencialmente por fragmentos (detritos) de outras rochas e minerais que foram sujeitos a fenómenos de meteorização e erosão, e transportados desde o seu local de origem, constituído por grãos cujo diâmetro varia entre 0,062 mm e 2 mm. A areia muito fina é constituída por grãos com diâmetros entre 0,062 e 0,125 mm.
  • Argila : sedimento (rocha sedimentar) de grão muito fino (inferior a 0,004 mm), e que é constituída essencialmente por silicatos de alumínio hidratados (caulinite, ilite, etc.).
  • Atmosfera : é um anel gasoso que envolve a Terra, mantido pela atracção gravitacional. A densidade desta camada gasosa é máxima nas regiões próximas da superfície da Terra, diminuindo com a altitude até se tornar praticamente indistinguível dos gases planetários.

B

  • Baixa-mar (maré-baixa) : momento em que a altura da maré está no seu valor mínimo.
  • Bajunça : o mesmo que junça. Planta, que nasce nas margens da Ria e que tradicionalmente servia para cobrir os montes de sal, para os proteger das águas outonais e invernais.
  • Balde : pá de madeira e ferro utilizada para compor o torrão e remover lamas.
  • Barachar o mandamento : o mesmo que reparar barachas no mandamento.
  • Barachas : muretes feitos de lama, paralelos ao eixo viveiro-marinha.
  • Barra : ligação da laguna ao mar que permite trocas de massas de água entre o mar e a laguna e a movimentação de barcos.
  • Bomba de toma de água : comporta constituída por um canal de madeira e uma palmeta (ou dique), que permite a passagem da água da Ria para o viveiro. Funciona no sentido vertical por intermédio de um longo parafuso metálico, só se abrindo para se efectuarem as tomas de água.
  • Bomba do algibé : comporta de madeira que permite a passagem da água do viveiro para o algibé.
  • Bombinha : pequeno tubo pelo qual passa a água do viveiro para os algibés, destes para os diferentes compartimentos do mandamento e, ainda, entre as várias carreiras.
  • Botadela : acção de pôr a marinha a sal. É o dia do arriar da moira, da abertura de diques que permitem a passagem das salmouras dos meios de cima, para os meios de baixo. Tradicionalmente, era um dia de festa e convívio com os amigos, marnotos e familiares das marinhas vizinhas, que participavam no acto.
  • Bulir : agitar a água dos cristalizadores com o ugalho de bulir, evitando a formação de tremonhas.

C

  • Cabeceiras : compartimentos de forma rectangular, com uma altura de água de aproximadamente 5 cm. Situam-se entre os talhos e os meios de cima da marinha nova, constituindo as últimas peças do mandamento. As suas dimensões são sensivelmente iguais às dos talhos.
  • Cabrita : ancinho de madeira, com 30 dentes curtos; emprega-se para envieirar o moliço, que nasce durante o Outono e o Inverno.
  • Caldeiros : ordem evaporadora situada entre os algibés e as sobre-cabeceiras. Tanques de forma rectangular, com um nível de água aproximada de 8 cm, de altura.
  • Cambeia : ruptura verificada na defensão, provocada designadamente pelo mau tempo, por correntes fortes ou por galerias abertas pelas ratazanas.
  • Canais de maré : canais responsáveis por levar e trazer a água à planície entre-marés (canais porque transportam água; e de maré porque o seu funcionamento depende do nível da maré).
  • Canastras : cestas utilizadas essencialmente no transporte de sal à cabeça. Por vezes transporta-se nela também, o moliço, o codejo e as lamas.
  • Caneja : pequena vala que conduz a água da carreira dos lacrimais para os meios de baixo. Cada caneja alimenta dois meios.
  • Capêlo : camada de lama que remata, superiormente, a defensão.
  • Carreira : vala que fornece aos meios água dos talhos durante o período da cura dos solos. Situam-se geralmente de duas em duas cabeceiras.
  • Carreirinhas : valas que dão continuidade às carreiras grandes ao longo da marinha nova e que alimentam a marinha velha; constroem-se habitualmente, de seis em seis meios, permitindo circunscrever os talhões.
  • Carreira dos lacrimais : vala que abastece de água as marinhas nova e velha.
  • Circiar : passar o círcio sobre os fundos dos cristalizadores e alimentadores, para os compactar, alisar e impermeabilizar.
  • Círcio : cilindro de madeira , com duas astes – moeiras - utilizado para comprimir e nivelar o solo das salinas.
  • Coalho de sal : é o mesmo que flor de sal.
  • Codejo : sulfato de cálcio que se deposita, normalmente, nos meios de cima e nas cabeceiras, quando estes tanques funcionam como alimentadores.
  • Comedorias : conjunto de tanques de armazenamento da água composto pelo viveiro e algibés.
  • Concentração : grandeza física que exprime a composição de soluções, representada pelo símbolo cB (cB = nB/V (mol soluto/L solvente)), e é dada pelo quociente entre a quantidade de substância de soluto (componente B (nB)) e o volume da solução (V).
  • Condensação : processo físico de passagem de uma substância do estado de vapor ao estado líquido.

    Corrente : movimento da água ou do ar que segue uma determinada direcção e sentido.

  • Couraça : vala paralela à trave do viveiro que dá continuidade em todo o comprimento ao entraval e que impede a infiltração da géniga; funciona também, em tempo de curas, como carreira de longo, transportando a água dos algibés.
  • Cristal : material sólido homogéneo com uma distribuição ordenada das partículas constituintes (átomos, moléculas ou iões).
  • Cristalização : processo de obtenção de cristais.
  • Cristalizadores : reservatórios onde se deposita o sal. O mesmo que meios de baixo. No entanto e sempre que os verões são fortes, a cristalização também poderá ocorrer nos meios de cima e nas cabeceiras.

D

  • Dar molhaduras : molhar bem o solo dos meios.
  • Dar sol à comedoria e ao mandamento : o mesmo que expor os compartimentos sem água, à acção do sol, para aquecer os fundos, queimar o moliço e secar as lamas.
  • Dar sol da estrangedura : primeiro banho de sol dos meios.
  • Decantação : processo de separação de materiais que permite separar misturas heterogéneas de sólidos com líquidos, no qual se deixa depositar o sólido e se transfere o líquido sobrenadante.
  • Defensão : muro exterior que circunscreve a marinha e impede a entrada da água da Ria. Este muro é feito em torrão cimentado com lama.
  • Denominação de origem protegida : para que o sal de Aveiro possa beneficiar desta designação tem que se demonstrar que este produto é originário desta região e tem uma forte ligação a ela. Tem que se provar que as qualidades que o distinguem de outros produtos similares têm origem nas particularidades desta região, assim como no saber fazer das pessoas a ele ligado. Só recebe esta designação o sal recolhido manualmente por processos tradicionais.
  • Densidade : é dada pelo quociente entre a massa de uma amostra ou de um corpo e o volume correspondente. Dois objectos com o mesmo volume feitos de materiais diferentes têm massas diferentes. O objecto que tiver massa maior, no mesmo volume, é o mais denso.
  • Depósitos : ordem evaporadora, que se situa entre os talhos e as cabeceiras; o nível de água ronda os 5,5 cm.
  • Diluição : diminuição da concentração de uma substância (soluto) por adição de outra substância (solvente).
  • Dissociação dos sais : separação dos pares de iões que formam o sal nos seus iões constituintes.
  • Dissolução : é o processo que conduz à formação de uma solução.

E

  • Ebulição : processo de passagem de um líquido a vapor de forma rápida e tumultuosa, a uma determinada temperatura e pressão exterior, envolvendo toda a massa do líquido.
  • Efeito de estufa : processo pelo qual a Terra tem mantido uma temperatura média à superfície de ~15 ºC. O vapor de água é o gás mais importante neste processo, os outros são o dióxido de carbono (CO2), o ozono (O3), o metano (CH4), e o óxido de azoto(I) (N2O).
  • Eiras : área do malhadal, onde se forma o monte ou mula de sal. As eiras devem ser duas por quinhão.
  • Embarachar o mandamento : reparar as barachas e travessas do mandamento.
  • Encamisar : criar um tapete salino (camisa).
  • Encanar : drenar as águas doces existentes no subsolo das praias, com especial cuidado quando se trata dos meios.
  • Entraval : vala, situada entre o tabuleiro do sal da marinha velha e o malhadal. Local receptor da géniga, águas podres e das sangraduras, que são vazadas para o esteiro durante a maré baixa, defende também a marinha das infiltrações da água da ria e recebe as águas nascidas no subsolo da praia.
  • Enxada de correr liames : alfaia utilizada para reparar liames.
  • Envieirar : juntar o sal nos vieiros.
  • Esteiro : braço estreito de mar ou rio que entra pela terra dentro.
  • Estranger : limpar os cristalizadores de lamas finas e moliço; utiliza-se os ugalhos da lama e as almanjarras: de dois e três paus. Engloba um conjunto de actividades como cortar a lama aos eitos; fazer poisada; nivelar o parcel e as barachas; almanjarrar a lama; bimbar os machos, barachas e canejas; tirar as bimbaduras; e apancar a marinha.
  • Evaporação : é um fenómeno em que os átomos ou moléculas de uma substância no estado líquido, ganham energia cinética suficiente para passar à fase de vapor. A evaporação é um processo que ocorre à superfície do líquido.

F

  • Flor de Sal : pequenos cristais de sal marinho recolhido diariamente, à mão, exclusivamente da camada cristalina sobrenadante da solução salina dos cristalizadores com um rodo de cabo de madeira e malha metálica estreita.
  • Força geradora de maré : força resultante da soma vectorial das forças gravítica e centrífuga em cada ponto da Terra.
  • Força gravítica : força de atracção entre dois corpos. Esta força é directamente proporcional ao produto da massa dos corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. Existe uma força gravítica exercida pela Lua (e pelo Sol) sobre a Terra.

G

  • Géniga : água da Ria que se infiltra através da defensão e da couraça.
  • Girinos : forma intermédia no processo de desenvolvimento dos batráquios que ainda têm cauda e guelras externas.
  • Governar o mandamento : o mesmo que abrir o mandamento

J

  • Junça : o mesmo que bajunça. Planta que nasce nas margens da Ria e que tradicionalmente servia para cobrir os montes de sal, para os proteger das chuvas.
  • Junco : nome vulgar das plantas herbáceas que têm uma forma alongada e flexível e aparecem de forma espontânea em terrenos húmidos ou alagadiços.

L

  • Lacrimais : orifícios que fazem a comunicação entre as carreiras dos lacrimais e os meios de cima.
  • Lagrimais : o mesmo que lacrimais.
  • Laguna : massa de água salgada, protegida da acção directa do mar por uma barreira arenosa mas em comunicação permanente com este, através de um canal artificial conhecido por “entrada da barra”.
  • Liames : conjunto das barachas, barachinhas, canejas, carreiras, machos, tabuleiro do meio, tabuleiro do sal e travessas.

M

  • Macho : muro por onde passa o pessoal.
  • Maço : grande martelo, em madeira, utilizado para cravar e consolidar estacaria e as barachinhas
  • Malhadal : muro largo onde estão implantadas as eiras, a horta e o palheiro.
  • Mãos : para fins de redura, uma salina, divide-se em três partes, cada qual com um terço dos meios da marinha. Todos os dias se tira sal numa das mãos, se as condições climáticas forem favoráveis (vento e calor), já que três dias, são suficientes para que o sal se deposite em quantidade satisfatória, no fundo dos cristalizadores.
  • Mandamento : o mesmo que tanques de evaporação da salina. Estes reservatórios são constituídos por: caldeiros, sobre-cabeceiras, talhos, depósitos e cabeceiras. Nelas se depositam grande parte das impurezas transportadas pela água e também sais de ferro, carbonato de cálcio e sulfato de cálcio (gesso).
  • Maré : termo utilizado para identificar a subida e descida da altura da superfície dos mares e oceanos, associada aos movimentos periódicos e previsíveis da Lua e do Sol.
  • Maré-cheia : o mesmo que preia-mar.
  • Maré de equilíbrio : maré que ocorre sob condições ideais no meridiano de Greenwich, dependendo apenas de factores astronómicos.
  • Maré morta : maré de amplitude menor do que a média, que ocorre quando o Sol e a Lua formam um ângulo de 90 º em relação à Terra (Quarto-Crescente ou Quarto-Minguante).
  • Maré vazia : o mesmo que baixa-mar.
  • Maré viva : maré de amplitude maior do que a média, que ocorre quando o Sol e a Lua estão alinhados (Lua Nova ou Lua Cheia).
  • Marinha : salina.
  • Marinha dobrada : salina com duas andainas – uma na marinha nova e outra na marinha velha.
  • Marinha nova (ou marinha de cima) : andaina contígua ao mandamento. Constituída pelos meios de cima e pelos meios de baixo que se encontram junto às cabeceiras.
  • Marinha velha (ou marinha de baixo) : andaina que se segue à marinha de cima. Constituída pelos meios de cima e pelos meios de baixo que se encontram a seguir à marinha nova.
  • Marnoto : homem que trabalha nas marinhas de sal e dirige a sua exploração (sendo este o nome que prevalece no salgado da ria de Aveiro).
  • Material dissolvido : matéria com dimensões inferiores a 1 nm que se encontram numa solução.
  • Meios : o mesmo que condensadores (meios de cima) e cristalizadores (meios de baixo), fazem parte das andainas de cima e de baixo, nas marinhas nova e velha.
  • Meios de baixo : reservatórios cristalizadores da marinha nova e da marinha velha. A altura da água neste compartimentos é de aproximadamente 2 cm.
  • Meios de cima : reservatórios condensadores de marinha nova e da marinha velha. A altura da água neste compartimentos é de aproximadamente 2 cm.
  • Meios falsos : meios ou ordens que se convertem em cristalizadores, quando as condições climáticas são favoráveis.
  • Moiradoiro : pau afiado na ponta, empregue na abertura dos lacrimais.
  • Moliço : nome genérico para um conjunto de plantas aquáticas e algas.
  • Mula : o mesmo que monte de sal.

P

  • Palheiro : pequena casa onde se guardam as alfaias e que também serve de abrigo para o pessoal quando faz mau tempo.
  • Pajão : pá chata, utilizada para alisar e comprimir os montes.
  • Pesa-sais : densímetro utilizado para medir a densidade de uma solução salina.
  • Plantas halófitas : que se encontram adaptadas a ambientes salinos – ambientes que dificultam a absorção de água – potenciando o perigo de uma secura fisiológica.
  • Portal : pequena abertura feita na travessa, com a mesma função das bombinhas.
  • Praia : o mesmo que parcel.
  • Praia podre : fundo que não consegue atingir a dureza necessária em virtude de haver nascentes de água doce no seu subsolo.
  • Precipitação : queda de chuva. Também se aplica esta palavra aos processos em que se obtém um sólido em quantidades superiores à sua solubilidade no solvente em estudo.
  • Preia-mar (maré alta ou maré-cheia) : o momento em que a altura da maré atinge o seu valor máximo.
  • Punhos : tábuas que os marnotos utilizavam mas ainda em uso em algumas marinhas, uma em cada mão, para encher as canastras.

Q

  • Quebrar : juntar o sal, com o ugalho, para o meio dos cristalizadores.
  • Quinhão : reunião de trinta meios ou reservatórios das salinas.

R

  • Rapão do sal : alfaia em madeira, cujo bordo inferior é forrado a zinco, ou alumínio; serve para encher as canastras.
  • Rasoila : rodo que se utiliza para rêr.
  • Redura : o mesmo que rêr.
  • Rêr : puxar o sal para o tabuleiro do meio ou do sal com a ajuda da rasoila.
  • Rochas sedimentares : resultam do conjunto de processos diagenéticos ou são o produto da diagénese.

S

  • Safra : época de trabalho. Começa no início da Primavera e termina com as primeiras chuvas de Outono.
  • Sal : nome genérico aplicado a compostos químicos constituídos por iões de carga oposta (catiões e aniões). Nome vulgar do cloreto de sódio.
  • Sal alimentar : é o produto cristalino de extracção no estado natural (tal qual) ou tratado, essencialmente constituído por cloreto de sódio, num mínimo de 90 % do produto seco.
  • Sal-gema : ou se extrai directamente de jazigos minerais pelos processos mecânicos de lavra mineira subterrânea ou se extrai por dissolução em água e posterior recristalização, em cristalizadores por evaporação da água provocada pela acção da radiação solar e da energia do vento.
  • Sal marinho : resulta directamente do processo de evaporação natural da água do mar e pode ser produzido manualmente ou utilizando meios mecânicos.
  • Sal marinho artesanal : recolhido à mão segundo técnicas tradicionais, não é submetido a qualquer processo de lavagem e recristalização, e não contém aditivos.
  • Salicórnia ( Salicornia ramosissima ) : planta herbácea anual, que tem um único caule direito, com ramificações e secções por onde é fácil dividi-lo, e pode atingir cerca de 40 cm. O caule carnudo e as folhas em forma de escamas soldadas com o caule são algumas das adaptações desta planta aos ambientes xéricos onde se desenvolve.
  • Salineiro : o mesmo que marnoto.
  • Salinidade : massa de sal, em grama, que se obtém após evaporação de 1 kg de água salgada.
  • Salmoura : água saturada de sal.
  • Sangraduras : abertura que se efectua no tabuleiro do sal para escoar as águas dos meios de baixo da marinha velha, para o entraval.
  • Sapal : terrenos que se encontram na zona de entre-marés e que por isso ficam alagados na maré alta. Formam-se em locais do litoral protegidos da acção directa das ondas e das correntes oceânicas e onde haja influência de água doce que transporta sedimentos em suspensão que poderão ficar retidos tornando esta uma zona onde há uma produção abundante de matéria viva.
  • Secura fisiológica : saída da água da planta para o meio exterior.
  • Sustentar a marinha : meter água nos meios.

T

  • Tabuleiro : travessa em plano inclinado, situado na parte de baixo dos cristalizadores; local para onde se puxa o sal, para ficar a secar, antes de ser transportado para as eiras. O tabuleiro do meio situase na andaina de cima e o tabuleiro do sal na andaina de baixo.
  • Talhos : ordem evaporadora que se situa entre as sobre-cabeceiras e as cabeceiras. A sua largura é igual à dos caldeiros e das sobre-cabeceiras, mas apresentam um comprimento ligeiramente inferior. O nível de água neste compartimento é de aproximadamente 6 cm. Nas marinhas de sal de Rio Maior é a denominação correspondente aos cristalizadores das marinhas de Aveiro.
  • Tirar o entraval : remover as lamas do intervalo entre o tabuleiro do sal da marinha velha e o malhadal.
  • Torrão : lama argilosa misturada com ervas, endurecida e cortada em cubos de 33 cm de aresta.
  • Travejar : o mesmo que reparar os estragos ocorridos nas travessas, durante o Inverno.
  • Trave de viveiro : muro de torrão e lama que separa o viveiro dos algibés.
  • Trave do mandamento : travessão que separa os algibés dos caldeiros.
  • Travessão : muro em torrão.
  • Tremonhas : placas de sal.

U

  • Ugalhos : rodos que podem ser de duas espécies: - ugalho de lama: rodo que serve para todos os trabalhos de limpeza de lamas, para ajeitar os montes e para apancar; - ugalho de bulir: usado para bulir e quebrar.

V

  • Vaporização : passagem de uma substância do estado físico líquido ao estado físico de vapor. Este processo pode ocorrer ou por evaporação ou por ebulição.
  • Vento : movimento de massas de ar.
  • Vieiros : faixas que se prolongam pelo eixo de cada meio de cima.
  • Viveiro : tanque de armazenamento da água da salina e tem uma profundidade aproximada de 50 cm. Este compartimento constitui um depósito, de água salgada que recebe durante as marés vivas, conserva-a e alimenta a salina durante a safra.

(Fonte: Diamantino Dias)