Fauna e Flora

O trabalho do marnoto numa marinha de sal permite não só a sua subsistência mas também, permite reunir as condições ideais para muitas plantas e aves culminando numa relação perfeita entre o homem, a atividade económica e a natureza.

Biodiversidade na Ria de Aveiro

Classificada como Zona de Proteção Especial e elevada a Sítio de Importância Comunitária, no âmbito da Rede Natura 2000 - a rede ecológica para o espaço da União Europeia, a Ria de Aveiro salienta não só a sua beleza paisagística, como também revela como é imperativa a sua proteção e conservação, ou não fosse ela um património natural único na região, no país e Península Ibérica.

A Reserva Natural das Dunas de São Jacinto é outro exemplo de área classificada inserida na Ria de Aveiro, estando destinada à proteção da fauna e flora selvagens e habitats naturais. A sua relevância prende-se com a importância que as dunas têm no impedimento do avanço do mar, protegendo a biodiversidade que nela existe, principalmente as aves marinhas.

O sapal da Ria de Aveiro

Os sapais originam-se em zonas costeiras de águas calmas. O reduzido fluxo das marés facilita a deposição dos detritos e sedimentos em suspensão e assim vão surgindo bancos de vasa onde, a certa altura, há substrato para a instalação de uma vegetação particular, conhecida como halófita. 

As plantas halófitas do sapal, vivem numa situação de secura fisiológica porque a elevada concentração salina do meio lhe dificulta o acesso à agua que abunda a sua volta. 

A vegetação do sapal têm um papel muito importante na depuração das águas, devido à grande capacidade de absorver e fixar metais pesados, muitos dos quais são tóxicos para outros seres vivos; por outro lado, os abundantes microorganismos aqui existentes metabolizam e convertem em nutrientes, materiais que, de outro modo, poluiriam as suas águas. 

O junco-das-esteiras (Juncus maritimus), a morraça (Spartina maritima) e o sirgo (Zostera noltii) são espécies características destes habitats na Ria de Aveiro.

Moliço

Na Ria e nas salinas vive ainda o moliço.

O moliço, nome vulgar que abrange, sem distinção de espécies, as plantas que constituem a vegetação que cresce submersa nas águas dos sapais, deu o nome a uma profissão e consequente nome de embarcação - o moliceiro.

O moliço era colhido em grandes quantidades, e servia para adubar os solos agrícolas. Foi um importante recurso das gentes aveirenses, que até ao fim da década de 50 praticavam a sua colheita. Nos dias de hoje, a apanha de moliço está próxima da extinção, tendo-se verificado o seu declínio ao longo do século XX. 

Devido ao aparecimento dos adubos químicos, a apanha do moliço começou a transformar-se numa catástrofe ecológica.Com isto muitos canais da ria começaram a asfixiar levando a uma diminuição da velocidade das correntes com a consequente aceleração dos fenómenos de deposição dos aluviões transportados pelas água, originando o assoreamento da Ria.

As plantas mais abundantes no moliço pertenciam ao género Zostera, entre as quais a Zosteira marinha, e a Zosteira Molti, incluindo muitas outras plantas tolerantes a água salgada como por exemplo Ruppia e o Potamogeton, Ulva, Fucus, a Enterorpha.

(Foto "apanha do moliço")


Baixo Vouga Lagunar

O Baixo Vouga Lagunar situa-se na foz do Rio Vouga (Sítio da Rede Natura 2000), concelho de Aveiro e ocupa uma superfície de 4600 ha. A designação de Baixo Vouga Lagunar aplica-se a uma extensa área de paisagem plana integrada num vasto ecossistema lagunar a “Ria de Aveiro”, uma das mais notáveis Zonas Húmidas da costa portuguesa.

No caso da biodiversidade vegetal, a região do Baixo Vouga Lagunar apresenta-se mesmo, como única a nível nacional pois é detentora de uma elevada riqueza natural.

Contudo, o Baixo Vouga Lagunar tem sofrido uma progressiva degradação, principalmente devido à intrusão salina, como consequência do aumento do prisma de maré.

 

 

Avifauna

Na Ria de Aveiro, além da safra do sal, as salinas são um local de extrema importância para a vida selvagem acolhendo várias espécies de animais.

Por norma são habitantes sazonais que vêem em busca de alimento, abrigo ou reprodução.

Algumas aves como o perna-longa ( Himantopus himantopus ), a andorinha-do-mar-anã ( Sterna albifrons ) e o borrelho-decoleira-interrompida ( Charadrius alexandrinus ) são espécies que nidificam na área das marinhas da Ria de Aveiro.

Nos compartimentos das marinhas com salinidade mais baixa viveiros, algibés e caldeiros podem encontrar-se plantas aquáticas que fazem parte do moliço abundante na zona.

Exemplos;

O perna-longa é uma ave que vive no lodo ( limícola ) e que tem membros inferiores longos que permitem que se alimente em zonas de águas mais profundas. A nidificação inicia-se em abril sendo o ninho construído em zonas próximo da água.

 

(Foto Perna-longa)

A andorinha-do-mar-anã é, tal como o nome indica, uma ave marinha muito pequena que frequenta a zona das marinhas sobretudo no verão. A nidificação inicia-se em Maio podendo construir os ninhos em zonas de salinas. O ninho é constituído por seixos e conchas que no seu conjunto mimetizam os seus ovos o que lhes permite confundir os eventuais predadores.

O borrelho-de-coleira-interrompida é uma ave limícola de dimensões pequenas que reside essencialmente em Portugal. Nidifica, a partir de Março, nas salinas e em outros terrenos com pouca vegetação onde se alimenta de insectos, crustáceos e vermes.

(Foto Borrelho-de-coleira-interrompida)

A  Garça-branca-pequena (Egretta garzetta) distingue-se principalmente pela brancura da sua plumagem. É uma garça de tamanho médio com um longo pescoço em forma de S, que está encolhido quando voa. A plumagem é totalmente branca e por vezes podem ser notadas algumas plumas compridas na parte posterior da cabeça. O bico e as patas são pretos.

(Foto Garça-branca)